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8 de Março, Dia Internacional da Mulher, marca a luta e conquista de todas

Publicado: Terça, 08 de Março de 2022, 12h34 | Última atualização em Sexta, 08 de Julho de 2022, 12h08 | Acessos: 1819

Ao ser criado o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, comemorado nesta terça-feira, o objetivo não era apenas comemorar, mas realizar debates, reuniões e discutir o papel da mulher na sociedade atual e tentar diminuir ou acabar com todo o preconceito e a desvalorização e inferiorização da mulher, tanto no ambiente doméstico quanto no trabalho.

 

Origem da data

Todos os anos, divulga-se que a origem da data é em homenagem às 129 operárias estadunidenses de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional no dia 8 de março de 1857, em Nova York. Nessa versão, o crime teria ocorrido em retaliação a uma série de greves e levantes das trabalhadoras.

Embora seja a narrativa mais conhecida, ela não é verdadeira.

A ideia de uma celebração internacional dedicada às mulheres surgiu em 1910, como uma proposta da dirigente socialista alemã Clara Zetkin. A data, entretanto, foi escolhida somente após 8 março de 1917, quando aproximadamente 90 mil mulheres realizaram uma manifestação em Petrogrado (atual São Petersburgo), na Rússia, conhecida como "Pão e Paz". Elas pediam melhores condições de vida e a retirada do país da Primeira Guerra Mundial.

No Brasil, a luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 1930, que conseguiram o direito ao voto em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas.

A partir da década de 1970, organizações passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher.

Popular entre os países comunistas, o Dia Internacional da Mulher se difundiu no Ocidente a partir de 1975, ano em que a Organização das Nações Unidas reconheceu formalmente a data. É o reconhecimento de um longo processo de lutas, organização e conscientização de que as mulheres possuem voz e sua participação na sociedade é essencial.

 

Dados relevantes

Ao longo dos anos, as mulheres conquistaram direitos importantes, como votar, frequentar escolas, praticar esportes e representar o país em competições esportivas, se candidatar a cargos políticos, assumir funções de liderança e profissões consideradas masculinas, entre outros.

De acordo com o IBGE, em 1950, cerca de 12% dos lares eram chefiados por mulheres. Em 2000 o número subiu para 26%, em 2009 para 35% e 45% em 2018. Em 2021, atingiu 50%, mesmo sendo um período em que muitas mulheres perderam o posto de trabalho em decorrência da pandemia de COVID-19.

Ainda segundo os dados do IBGE, as mulheres ocupam a maioria dos bancos nas universidades, estudam mais do que os homens, mas proporcionalmente, ingressam menos do que eles no Ensino Fundamental. Na política, a Câmara dos Deputados possui apenas 15% de mulheres, o Senado Federal, 12% e nas eleições de 2020, em âmbito municipal, não houve vereadoras eleitas em 900 municípios.

Além disso, o movimento das mulheres pela igualdade tem gradualmente obtido avanço. No Brasil, o primeiro marco foi na Constituição de 1932, quando as mulheres conquistaram o direito ao voto. Na atual Constituição, de 1988, a igualdade de gênero foi considerada como direito fundamental e, em 2002, o Novo Código Civil consolidou essas mudanças constitucionais.

Nas Olimpíadas de 2021, a força feminina e sua capacidade puderam ser observadas nas 9 entre as 21 medalhas conquistadas pelo Brasil, o que representa 41% do total.

Considerando esses dados, é pertinente ampliar a discussão do papel da mulher na sociedade, no trabalho qualificado e remunerado sem disparidade de gênero, à educação, ao reconhecimento de seu potencial de liderança e sua capacidade de superar desafios.


As mulheres no IFSP

Entre os estudantes atualmente matriculados, o público que se identifica como feminino corresponde a 45,24% e está presente em todos os cursos do IFSP, mesmo aqueles considerados tradicionalmente masculinos.

Contudo, apesar do percentual de mulheres estar se equiparando ao público masculino, há muito a ser trabalhado sobre a igualdade de gênero.

Para a servidora Alessandra Aparecida Bermuzzi, assistente em administração, ser mulher ainda hoje é assumir e ter responsabilidades com os cuidados da família, da casa e das atribuições do trabalho, que muitas vezes discriminam a mulher justamente por ser mulher. Para ela, que trata um câncer de mama desde 2016, a mulher muitas vezes passa por frustrações, depressões e medos, mas que precisa continuar para superar os desafios impostos pela vida.

Esse mesmo sentimento é partilhado por Andreia Cristina Fidélis de Souza, Professora EBTT, que também ressalta que além dos encargos com os cuidados da família impostas à mulher pela sociedade, fortemente influenciada pela herança patriarcal, muitas delas são as responsáveis por garantir o seu sustento. Andreia considera que ser mulher é andar milhas extras em diferentes aspectos.

Para a servidora Carla Rubia Marques, assistente de alunos, as mulheres, apesar das conquistas dos últimos anos, ainda precisam ocupar mais espaços, serem mais respeitadas nos mais diversos ambientes, e ocupar cargos e funções gratificadas na mesma proporção dos homens, uma realidade que no IFSP ainda está distante de ser alcançada, apesar das mulheres corresponderem hoje a 40,10% entre todos os servidores.

Sobre essa questão, a servidora Camila de Carvalho Ferreira, Diretora-adjunta Administrativa do câmpus, relata que quando ocupou o cargo de Diretora-Geral do Câmpus Avançado de Jundiaí (entre março de 2020 a março de 2021), eram ao todo cinco mulheres neste cargo e, que diferentemente das outras colegas, na época, não possuía dificuldade em relação às demandas apresentadas pela família que rotineiramente recaem sobre a mulher, como as atribuições domésticas, o cuidado com os filhos ou pais idosos e entre outros, contudo destaca que é necessário fomentar maior representatividade da mulher dentro da instituição.

Hoje essa proporção de mulheres na Direção-Geral dos câmpus não melhorou. Com o início das atividades do Câmpus São José do Rio Preto, passou de 13,89% em 2020 para 13,52% em 2022, sendo os câmpus de Barretos, Caraguatatuba, Capivari, Hortolândia e Jundiaí as unidades que atualmente possuem mulheres neste cargo.

O IFSP tem procurado implementar ações de inserção da mulher em diferentes espaços, por meio de programas específicos como Mulheres Mil, Mulheres do IFSP e o Núcleo de Estudos sobre Gênero e Sexualidade do IFSP (NUGS), mas ainda há um longo caminho na luta feminina pela igualdade de direitos e no reconhecimento da categoria dentro da instituição.

 

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A data de 8 de março não pode ser apenas celebrada como um dia em que as mulheres recebem congratulações, mas deve ser um momento para refletir sobre seus direitos, pois nada é oferecido, tudo é uma conquista marcada por lutas sociais, políticas e históricas.


Referências

ÁLVAREZ GONZÁLEZ, Ana Isabel. As origens e a comemoração do dia internacional das mulheres. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

BITTAR, P. Especialistas lamentam baixa representatividade feminina na política. Brasília, DF: Agência Câmara dos Deputados, 2021. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/800827-especialistas-lamentam-baixa-representatividade-feminina-na-politica/. Acesso em: 3 mar. 2022.

IBGE. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf. Acesso em: 3 mar. 2022.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Alameda, 2017.


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